A Necessidade da Orientação Técnica Profissional

“O Correto é sempre mais econômico”

Outro dia, numa conversa com colegas, onde comentávamos casos de leigos que, no afã de gastar pouco (!) não de economia, compram terrenos para construir a sua residência, sua casa de campo ou praia, passam por experiencias catastróficas da “construção civil” por não contratarem um profissional habilitado nessa área. Confiam em indicações de leigos por outros leigos – muitas vezes, e devido aos inúmeros problemas acabam abandonando o empreendimento ou tendo que arcar com os custos absurdos por não acreditarem na “economia do correto”.

Então para facilitar esse aconselhamento aos interessados a não passar por ludibriados, por custos desnecessários, infortúnios dessa atividade, propõe-se aqui enumerar alguns pontos básicos que podem ser informados à quem for empreender na construção civil:

A compra de um terreno

Um bom profissional com registro no CRECI pode iniciar esse processo pois, é necessária saber todas as condições de imóvel:

Valor, localização, sobre quanto se irá investir, a documentação do terreno, se os impostos estão regularizados, obter certidões da prefeitura e dos cartórios sobre o imóvel e sobre proprietário, a fim de certificar se ele está livre de qualquer ônus hoje e no futuro. Evitar “dores de cabeça”.

Planejando o que se quer construir

Recomendação técnica: procure antes de fechar o negócio um engenheiro ou um arquiteto para também assegurar que o que se quer projetar é viável em termos de dimensões, áreas e principalmente quanto orientação Norte-Sul, a fim de facilitar as insolações dos dormitórios, para que todos os cômodos sejam salubres.

O programa deve ser discutido com om profissional, a fim de que, com sua experiencia e orientação, se vislumbre o possível e o ideal.

O Projeto

Da mesma maneira que na saúde a automedicação e os leigos da profissão causam grandes desastres, não é diferente na construção civil, quando já se começa errado, sem se contratar um engenheiro ou arquiteto.

O estudo e o planejamento devem ser feitos com bastante diálogo com os projetistas, já que pelos recursos financeiros envolvidos não deve haver, durante as obras, alterações substanciais de concepção de projeto. Incrível como isso acontece!

No Japão, como exemplo, o tempo de elaboração, maturação e projetos complementares, chega a ser normalmente até maior que o das obras.

Os projetos necessários são:

  • Projeto de Aprovação junto aos órgãos públicos, conforme o caso, Prefeitura. CETESB ( que agora engloba o DPRN que trata sobre os recursos naturais), vale lembrar que Jundiai, todo o território é APA ( Area de Proteção Ambiental). NUNCA COMECE OBRA SEM AS DEVIDAS APROVAÇÕES.
  • Projeto de arquitetura (Básico e depois Executivo)
  • Projeto de Fundações e de Estruturas
  • Projeto de Hidráulica (de água fria. água quente, esgoto, águas pluviais e drenagem)
  • Projeto de Eletricidade (energia elétrica, telefonia, som e dados)

A Construção

Sem gerenciamento por engenheiro é extremamente difícil ter uma execução de obra correta e econômica.

A primeira cautela que se deve ter é com os orçamentos de mão de obra e serviços. A orientação deve vir do profissional, Engenheiro ou Arquiteto sobre as reais condições oferecidas, a idoneidade e capacitação do empreiteiro, que deve se subordinar integralmente a esses, sob pena de infração à Lei Federal 5.194/66. É muito importante saber que o proprietário do terreno tem responsabilidade solidaria civil e criminal, se por suas ordens na execução das obras vier a causar danos pelos seus atos ao MEIO-AMBIENTE, a ACIDENTES DOS TRABALHO, bem como realizar alterações nos projetos vindo colocar em risco terceiros direta ou indiretamente.

Algumas observações importantes:

Nunca escolha profissionais pelo preço mais baixo oferecido, quando este não possuir boa justificativa legal. Há tabelas e parâmetros para se seguir face às responsabilidades técnicas e os produtos que devem ser entregues. O BARATO SAI CARO.

Não ponha como fator primordial o financeiro sobre os da boa técnica, das posturas legais e éticas, pois a construção civil hoje devolve, por si mesma, as consequências custosas e danosas também ao investidor.

As falhas da construção civil, em trabalho realizada pelo Prof. Alvaro Garcia Meseguer, na Bélgica, Reino Unido, Alemanha, Dinamarca e Romênia, em média. Mostraram sua origem:

Falhas de projeto: 40 a 45%
Falhas de execução: 25 a 30%
Falhas de materiais: 15 a 20%
Falhas de uso: 10%

Os resultados podem demonstrar também, que no Brasil, onde a qualidade de mão de obra empregada na execução das obras e o baixo controle dessa execução, se não houver um bom gerenciamento técnico de todos os serviços, amplia-se ainda mais o risco de problemas que podem ser sérios envolvendo custos não previstos e prazos ampliados.

Fernando Ungaro
Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho Diretor da PLANENGER Engenharia e Consultoria e da VDTF2 Engenharia e Consultoria LTDA e Presidente do Conselho Deliberativo da Associação dos Engenheiros de Jundiai.